Quando me vi diante da oportunidade de compartilhar minhas experiências enquanto ciclista na cidade de São Paulo, de imediato uma ideia me veio à cabeça: Guarapiranga, a represa no extremo sul da cidade e dois parques que ficam em seu entorno, o Parque da Barragem e o Parque Praia do Sol. Não só em função da beleza do trajeto, tampouco pela qualidade (questionável em alguns pontos) das ciclofaixas que me levariam até lá, mas sim pela distância deste trajeto. É para fugir de tudo isso que pedalo cerca de trinta quilômetros de minha casa, próxima ao terminal Parque Dom Pedro II, na região central da cidade, até as margens da represa de Guarapiranga.
Como é o trajeto
O trajeto tem início na marginal do rio Pinheiros, a altura do Parque do Povo – totalizando 15 km até o destino final –, onde se localizam duas faixas exclusivas para as bicicletas, uma em cada lado do rio. Na ciclovia que fica ao lado do trem há uma boa infra-estrutura; mas a reforma para a construção do monotrilho impede a passagem do ciclista até a região de Guarapiranga. (apesar disso, ela segue sendo ainda uma boa saída para quem for para os lados da USP).
Do outro lado do rio foi construída uma ciclovia para suprir provisoriamente a necessidade dos ciclistas em função das obras do monotrilho, que não é pintada, não tem banheiros ou bebedouros, e conta com uma sinalização precária. Apesar disso, ela é excelente o para os ciclistas: aproximadamente 12 km sem carros e sem semáforos, em um terreno relativamente plano. Para percorrê-lo, é bom que quem estiver pedalando tenha alguma experiência e um preparo físico razoável, para não chegar ao fim do trajeto extenuado, de forma a não aproveitar as belezas da orla da represa. Quem achar que não tem condições de percorrer o trajeto tem uma outra opção, sobre a qual falarei mais adiante: o trem.
O acesso à ciclovia não é dos melhores: três lances de escadas com canaletas para descer à magrela da ponte à margem do rio (Eu prefiro carregá-la no ombro, acho mais seguro, tenho medo de enroscar o guidão nas laterais). O percurso pela ciclovia deixa uma ideia fixa na cabeça “ah, se esse rio não fosse sujo!”. Ainda que mal sinalizada, a ciclovia foi parcialmente reformada e o asfalto não tem buracos. Ao andar por lá é provável que você se depare com uma surpresa típica de São Paulo, as capivaras (são dóceis, mas recomenda-se não chegar perto delas, pois podem transmitir doenças). É um incipiente contato com a natureza, para quem busca uma fuga do concreto. O cheiro, por vezes desagradável já não incomoda, e com o passar dos quilômetros, os carros vão parecendo mais distantes.
Como chegar de trem
Para chegar a região de trem, a Linha 9 – Esmeralda da CPTM é o caminho. Na estação Pinheiros é possível fazer transferência gratuita para a Linha 4 – Amarela do metrô. Apesar dos seis andares de profundidade, é comum o tráfego de ciclistas entre essas estações, e as escadas rolantes auxiliam na subida (deve-se observar as regras para utilização das bicicletas nos trens e metrô). Chegando na Linha 9 – Esmeralda, o destino é Grajaú e a estação de parada mais próxima aos parques é a Socorro, que fica a 10 minutos a pé do Largo do Socorro. Outra possibilidade é descer na estação Santo Amaro, que tem fácil acesso ao final da ciclovia da marginal, e, na minha opinião, torna o caminha até mais fácil.
Saindo da marginal, os carros voltam a fazer parte do trajeto, mas, atravessando a Avenida Guarapiranga, uma ciclofaixa um pouco esburacada e confusa guia os bikers até a entrada lateral do Parque da Barragem. Aqui o clima já se apresenta diferente, o mormaço toma conta do ar, o cheiro de água e um visual (que nos faz questionar se estamos mesmo em São Paulo) parecem desintoxicar nossos corpos. O parque é pequeno, fica às margens da represa de Guarapiranga, e em dez minutos pode-se percorrê-lo por inteiro, mas é impossível fazê-lo sem ficar algum tempo olhando para o horizonte. De perto, alguns estão pescando, e outros, nas pedras conversam. Algumas pessoas pedalam e correm pela faixa de concreto rústico que acompanha um pedaço da margem da represa. Um deck feito de embalagens de plástico, alguns equipamentos de ginástica, um campinho de futebol e um parquinho para crianças compõem o parque. Próximo à entrada principal, há um bebedouro e banheiros e paraciclos, além de uma horta e um aconchegante espaço de leitura, com livros à disposição.
O caminho desse parque até o Parque Praia do Sol é, sem dúvida, o mais bonito do trajeto. Segue-se por parte da orla e encontramos pelo caminho, entre outras árvores amoreiras e aceroleiras (que sempre me fazem parar para uma “boquinha”), por ruas pouco movimentadas. O visual sugere que o concreto é moldado pela natureza e não o contrário. Chegando à Avenida Atlântica o visual muda: os carros voltam, junto com ônibus e com o comércio, e uma ciclofaixa apertada, localizada em sua maior parte no canteiro central mantém os ciclistas seguros. Após alguns quilômetros à frente chegamos ao Parque Praia do Sol, maior e mais movimentado, que o da Barragem, apresenta uma bela arena de vôlei de praia, três quadras de futebol de areia, parquinho para as crianças e uma prainha (não muito limpa), onde muitas (e barulhentas) pessoas mergulham. Há também alguns quiosques bastante movimentados, onde é possível se hidratar após essa longa pedalada com uma geladíssima água de coco, na fruta, por R$ 5.
Você já fez este roteiro? Tem alguma dica para acrescentar? Comente aqui sobre este e outros roteiros de bike.
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27 jul 2020 - Na natureza
Realmente um lindo passeio, senti como se estivesse fora de São Paulo por alguns momentos. Recomendo.
Oi, Cristiane. Se tiver alguma sugestão de roteiro de bike, fale pra gente. Abraços e bons passeios.
Este é um bom e sugestivo passeio, espero um dia realiza-lo
Parabéns ao Caue.
Oi, Dorival. Se tiver alguma sugestão de roteiro de bike, conte pra gente. Obrigada.
Belíssima dica para passear e conhecer uma região distante do centro de São Paulo. Me interessei por todo o roteiro e suas alternativas. Parabéns!
Que bom, Caio! Se tiver outras sugestões, conta pra gente. Bom passeio!
Não entendi direito o trajeto! Será que tem como colocar um mapa ou uma descrição mais clara?
Abs!
Vou enviar sua dúvida para o Cauê, que escreveu o texto. Obrigada.
Rodrigo,
partindo do Parque do Povo, você deve sair em direção a ponte Cidade Jardim. Nela existem dois acessos, por meio de escadas com canaletas, que ficam sobre a ponte. Você deve pegar a segunda entrada, que vai em direção a zona sul. A ciclofaixa nessa área não é pintada (a que vai para o Butantã, no lado oposto é vermelha). Entrando na ciclofaixa, siga nela até a estação Santo Amaro do metrô/trem (tome cuidado, pois há uma saída antes, não pegue essa saída). Chegando na estação, tem uma passarela que cruza o rio. Atravesse o rio por meio dela, e saindo, siga a esquerda na ciclofaixa. Você pedalará por mais um pouco até chegar na saída da ciclofaixa da marginal, que fica na altura da estação Socorro do trem. Ao sair, você atravessa a Avenida Guarapiranga, em direção a um posto de gasolina, onde tem uma ciclofaixa, na Avenida Pinedo. Daí e só seguir a ciclofaixa que você chega aos parques, primeiro o da Barragem e depois o Praia do Sol. Segue o link do caminho pelo Google Maps: https://www.google.com.br/maps/dir/-23.5871955,-46.6919216/Parque+Praia+do+Sol,+Altura+do+n%C2%BA3391,+Av.+Atl%C3%A2ntica+-+Jardim+Tres+Marias,+S%C3%A3o+Paulo+-+SP,+04772-001/@-23.666234,-46.7127827,19.73z/data=!4m14!4m13!1m5!3m4!1m2!1d-46.7119412!2d-23.6658247!3s0x94ce51b47e37e731:0xf7874983bf993a4b!1m5!1m1!1s0x94ce4e2e8d5cff8b:0x72e438a8c066c6c!2m2!1d-46.7151516!2d-23.6971351!3e1
Rodrigo,
partindo do Parque do Povo, você deve sair em direção a ponte Cidade Jardim. Nela existem dois acessos, por meio de escadas com canaletas, que ficam sobre a ponte. Você deve pegar a segunda entrada, que vai em direção a zona sul. A ciclofaixa nessa área não é pintada (a que vai para o Butantã, no lado oposto é vermelha). Entrando na ciclofaixa, siga nela até a estação Santo Amaro do metrô/trem (tome cuidado, pois há uma saída antes, não pegue essa saída). Chegando na estação, tem uma passarela que cruza o rio. Atravesse o rio por meio dela, e saindo, siga a esquerda na ciclofaixa. Você pedalará por mais um pouco até chegar na saída da ciclofaixa da marginal, que fica na altura da estação Socorro do trem. Ao sair, você atravessa a Avenida Guarapiranga, em direção a um posto de gasolina, onde tem uma ciclofaixa, na Avenida Pinedo. Daí e só seguir a ciclofaixa que você chega aos parques, primeiro o da Barragem e depois o Praia do Sol. Segue o link do caminho pelo Google Maps: https://www.google.com.br/maps/dir/-23.5871955,-46.6919216/Parque+Praia+do+Sol,+Altura+do+n%C2%BA3391,+Av.+Atl%C3%A2ntica+-+Jardim+Tres+Marias,+S%C3%A3o+Paulo+-+SP,+04772-001/@-23.666234,-46.7127827,19.73z/data=!4m14!4m13!1m5!3m4!1m2!1d-46.7119412!2d-23.6658247!3s0x94ce51b47e37e731:0xf7874983bf993a4b!1m5!1m1!1s0x94ce4e2e8d5cff8b:0x72e438a8c066c6c!2m2!1d-46.7151516!2d-23.6971351!3e1
Muito bom! Sou da região e já fiz esse percurso… bora junto um grupo para pedalar.
Muito Bom seu texto, sempre que possível pedalo até lá. Tem um Role de Bike que vc tem que conhecer. Saí de São Jose dos Campos e vai até São Franscisco Xavier pelas montanhas. Achei um Site q fala sobre isso. Boa Sorte!
https://www.sjc.sp.gov.br/noticias/2020/fevereiro/02/trip-bike-2020-reune-cerca-de-1500-ciclistas-de-sao-jose-a-sfx/