Vila Itororó Agenda Cultural / É Grátis

Já pensou em participar ativamente no que virá a ser um centro cultural e de convivência no seu bairro? O que faria de diferente do que já existe?  Como se apropriar de um espaço sem esperar os tapumes serem retirados e a fita vermelha de inauguração cortada? Essas são algumas questões que o pessoal do Vila Itororó – Canteiro Aberto nos provoca à reflexão e desconstruções de paradigmas.

A Vila Itororó é um imóvel localizado na divisa entre a Liberdade e a Bela Vista composta por 37 casas, que conheceu a glória e degradação ao longo de sua existência e, hoje, busca ressignificar conceito de ocupação de espaços sem perder a conexão com a memória e aqueles que fazem a cultura: as pessoas do passado e presente.

Visita guiada à Vila Itororó Foto:Vilma Alcântara

Visita guiada à Vila Itororó
Foto:Vilma Alcântara

Programação

A programação de oficinas gratuitas na Cozinha Pública da Vila Itororó Canteiro Aberto começa com um Clube de Troca de Receitas! O primeiro encontro acontece na quinta-feira, dia 11 de janeiro, das 18h às 20h.

Inscrições: até o dia 08 de janeiro, no link http://bit.ly/clubedereceitas ou presencialmente no galpão. Serão disponibilizadas 10 vagas, com preferência para moradores/trabalhadores do bairro.

A 29ª sessão do programa Cinema sem fio apresenta o filme “Estômago” (2007), de Marcos Jorge, no dia 11 de janeiro, às 19h30. A entrada é gratuita.

Em “Estômago”, Raimundo Nonato (João Miguel) vai para a cidade grande na esperança de ter uma vida melhor. Trabalhando como faxineiro em um bar, logo ele descobre que possui um talento nato para a cozinha e é contratado por um restaurante italiano.

Ressignificando espaços

O projeto Vila Itororó Canteiro Aberto usa como conceito a divisão dos cômodos da casa para explanar cada objetivo que se pretende com o espaço, mas sempre com a possibilidade de mudar tudo outra vez.

Dividindo nos cômodos: pátio, sala, cozinha, marcenaria, biblioteca, quartos e quintal, o projeto visa debater e experimentar diversas formas de se habitar a Vila como centro cultural.

O pátio como disse é na entrada com todos convivendo coletivamente com brincadeiras das crianças à grandes festas; a sala onde ocorrem conversas, debates e sessões de cinema; a cozinha é coletiva tanto para os trabalhadores quanto para o público comidinha caseira direto da horta; a marcenaria é aberta ao público em horários específicos, com a presença de técnicos, e também ativada através de oficinas de mobiliário urbano, reuso de materiais e outras; a biblioteca tem livre acesso para qualquer um e você pode contribuir levando aqueles que não tem mais interesse; os quartos ainda não definido como esse espaço será aproveitado e, por fim, o quintal onde tem a nascente do Rio Itororó hoje canalizado sob a 23 de maio e a as plantas e árvores que estão sendo plantadas ali.

A expectativa de que o espaço esteja “pronto” – afinal, ainda não se definiu o que é estar pronto – seja para meados de 2018. Mas que tal conhecer um lugar que ressurge e você podendo fazer parte desse momento também?

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Algumas oficinas já estão acontecendo como marcenaria e horta Foto: Vilma Alcântara

Vila Itororó – Canteiro aberto

A Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e o Instituto Pedra firmam uma parceria em 2013.

O Instituto Pedra tem por objetivo valorizar o patrimônio cultural integrando as dimensões simbólicas, material e territorial e, assim, nada como abrir o canteiro de obras da Vila Itororó ao público para que gerem conhecimento e debates desse espaço público de maneira coletiva e não de uma forma pronta e engessada. Sem esquecer de ressaltar que antigos moradores se reúnem a cada quinze dias para participar do projeto de revitalização.

O processo da obra é aberto para visitações e fui no último sábado (26) e foi incrível estar presente num local com tantas histórias reais – algumas surreais também – e com a possibilidade de participar de algo que reverbera por toda sociedade em cada indivíduo, que é ocupar espaços com intervenções culturais e de cidadania.

A visita é guiada e como estaremos no meio do pátio das construções alguns cuidados devem ser tomados, por exemplo, uso de capacete e sapatos fechados.

Algumas ideias já estão acontecendo, como: oficinas de marcenaria, horta, cozinhar, estudar, descansar, cinema, shows, clínica pública de psicanálise.

Na entrada da Vila um grande galpão faz a vez de uma “praça pública coberta”. Isso mesmo! Há mesas para refeição, pistas de skates pequenas, arquibancadas, balanços. Um pouco quente por conta da cobertura, mas a criançada estava bem animada.

Canteiro aberto - Vila Itororó Foto: Vilma Alcântara

Canteiro aberto – Vila Itororó
Foto: Vilma Alcântara

História da Vila Itororó

Idealizada pelo empreiteiro Francisco de Castro, a Vila foi erguida de 1922 a 1929 com ares mais que excêntricos à época. A arquitetura se assim podemos classificar trata-se de uma colcha de retalhos, isso porque, o idealizador foi, literalmente, montando-a com materiais de demolição, o que lhe rendeu o nome de “Casa Surrealista”.

Em sua construção, foram utilizadas partes do antigo teatro São José, incendiado em 1917, que resistem ao tempo até hoje: carrancas, brasões, vitrais circulares, estátuas nas colunas, um leão que guarda a entrada do palacete – onde Francisco morava.

O local era ponto de bailes luxuosos, orquestras, intelectuais, alta sociedade. Há imagens de Elis Regina e Adoniran Barbosa descendo a grande escadaria de braços dados.

O riacho Itororó passava bem ali e, além de dar nome a Vila, fez com que outro título lhe fosse atribuída: a primeira piscina privada de uso público em São Paulo.

Já nessa época, a Vila era aberta para inquilinos que podiam alugar umas das 36 casas.

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Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo com o Instituto Pedra que promoveram as mudanças na Vila Itororó Foto: Vilma Alcântara

A festa acabou, e agora José?

Após os anos dourados da Vila Itororó e a morte de seu idealizador, a Vila inicia sua era considerada “degradante” isso porque em algumas décadas tornou-se cortiço e, nãos mãos de credores foi doada ao Hospital Beneficente Augusto de Oliveira Camargo, que posteriormente decidiu não mais cobrar aluguéis dos inquilinos, sem nenhuma administração ficou a própria sorte sem controle de quem entrava e saia.

Várias instituições e projetos foram surgindo para revitalizar o espaço, mas nada nunca saiu do papel e, além do que, existia a preocupação com os moradores da Vila.

O processo de desocupação começou em 2011 com as 86 famílias que viviam ali, muitas há mais de 30 anos foram realocadas em residências da CDHU muitas próximas ao bairro. A questão era como revitalizar um espaço e transformá-lo em polo cultural retirando justamente parte da sua história e foi a parceria  da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo com o Instituto Pedra que propiciou este movimento no espaço.

Já foi visitar? Comente suas impressões.

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a proposta é abrir o canteiro de obras da Vila Itororó ao público para que gerem conhecimento e debates desse espaço público de maneira coletiva Foto Vilma Alcântara

Vila Itororó – Canteiro Aberto. Rua Pedroso, 238 Bela Vista. Quarta e sexta das 9h ás 17h; quinta-feira das 9h às 20h;20h; Sábado das 9h às 17h. Feriado fechado.   Visitas guiadas: quintas e sexta: 16h e último final de semana de cada mês (sábado e domingo) às 14h. Telefone: Não há. E-mail: info@vilaitororo.org.br Metrô São Joaquim. Outras linhas ligue 156 ou acesse SPTrans.

 

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Meu nome é Vilma. Sou paulistana e não vivo uma relação de amor e ódio com a cidade: sou uma apaixonada assumida por São Paulo. Formada em Letras (Português e Inglês) pela UNIP, mas sempre trabalhei no meio corporativo. Meu interesse por eventos culturais começou bem cedo. Vizinha do Centro Cultural São Paulo, todos os dias, depois da aula, passava tardes inteiras por ali aproveitando tudo o que podia. Como sou uma pessoa de múltiplos interesses – música, literatura, teatro, cinema, passeios ao ar livre, cultura pop, em geral, e gastar pouco e me divertir muito – logo virei ponto focal entre amigos e colegas de trabalho sobre o que de melhor estava acontecendo na cidade e, aí está uma das outras coisas que adoro: compartilhar conhecimento. Uma outra é criar roteiros: seja de passeios pela cidade, seja para uma viagem de muitos dias. Desejo disseminar o que há acontece na cidade para além dos segundos cadernos.

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