Conheça as obras e o legado de Tomie Ohtake em São Paulo Agenda Cultural / História e Arte

O prédio espelhado com faixas rosadas talvez seja a maior referência visual e geográfica – assim como a tal “carambola”, em menor escala – deste conjunto nada discreto que abriga o Instituto Tomie Ohtake desde novembro de 2001. Obra do filho da artista nipo-brasileira, o arquiteto e designer Ruy Ohtake, foi concebido como um centro cultural especialmente voltado para as artes plásticas, arquitetura e design, e acabou tornando Tomie mais conhecida – apesar da sua então carreira de 50 anos – devido à relevância que alcançou no cenário cultural paulistano.

Tomie Ohtake

Tomie Ohtake

Nascida no Japão em 1913 e radicada no Brasil pelas forças do acaso – o início da Guerra do Pacífico, em 1936, que a impediu de voltar ao Japão enquanto visitava um de seus irmãos que vivia por aqui – só foi começar a pintar com quase 40 anos de idade, tendo a sua carreira atingido o auge na década seguinte, após ganhar prêmios em salões de arte, quando participou de bienais pela América Latina e realizou exposições individuais no Brasil e, posteriormente, em países como Itália, Estados Unidos, Peru e Japão, além de conquistar diversas condecorações.

23 de maio 1998

Monumento da Imigração Japonesa – av. 23 de Maio

Obras em São Paulo

Já a lista das suas obras públicas é a mais extensa de todas, começando pelo vitral no saguão da FAAP, de 1959, e terminando na escultura da Av. Paulista – altura do número 1.111 – de 2015, ano em que faleceu. Nesse meio tempo, muitas dessas obras se popularizaram, ainda que tanta gente desconheça a sua autoria, como a pintura na lateral de um prédio no Largo da Memória, ao lado da estação Anhangabaú do metrô, de 1984; o painel em tapeçaria no auditório do Memorial da América Latina, de 1990, que foi destruído no incêndio de 2013; os quatro painéis na plataforma da estação Consolação do metrô, intitulados “As Quatro Estações”, de 1991; o painel “Reflexo d’Água” na piscina do Sesc Vila Mariana, de 1997; o “Monumento à Imigração Japonesa” na Av. 23 de maio, altura do Centro Cultural São Paulo, de 1998; a escultura na altura do número 516 da Av. Eng. Luis Carlos Berrini, em frente a um edifício projetado pelo Ruy Ohtake no ano 2000; o painel no saguão do Auditório Ibirapuera, de 2004; a escultura em frente ao Edifício Santa Catarina, de 2007.

Auditório Ibirapuera

Auditório Ibirapuera

Na Avenida Paulista, também de autoria de seu filho; e a escultura na via de acesso ao aeroporto de Guarulhos, de 2008, em comemoração ao centenário da imigração japonesa. Isso sem contar outras tantas obras pelo Brasil e no Japão, e também a casa onde morou desde a década de 1960, mais uma com a assinatura do Ruy Ohtake e jardins de Burle Marx, no Campo Belo, já que há rumores de que seria transformada em um novo espaço cultural.

Escultura na avenida Paulista

Escultura na avenida Paulista

Ironicamente, no instituto que leva o seu nome, há trabalho permanente dela apenas no chamado “grande hall”, mas isso em nada desmerece a homenagem prestada por esse centro de artes de programação tão ampla e diversificada, e que exatamente por isso faz jus à grandiosidade de Tomie.

Amplos também são os seus espaços – com 7.500 m2 distribuídos por 7 salas de exposição, ateliês, salas para palestras e o setor de documentação – que já abrigaram algumas das exposições mais visitadas de São Paulo, como Manoel de Oliveira – Uma história de cinema, sobre o centenário cineasta português, em 2013; Yayoi Kusama: Obsessão Infinita, homenageando a renomada artista japonesa em 2014; Salvador Dalí, de 2014 a 2015; Tomie Ohtake 100-101, com as pinturas recentes da artista falecida no mesmo ano; Joan Miró – A Força da Matéria, também em 2015; Frida Kahlo – Conexões entre mulheres surrealistas no México, de 2015 a 2016; e mais recentemente, Sebastião Salgado: Perfume de sonho – Uma viagem ao mundo do café e Picasso: mão erudita, olho selvagem, no ano passado.

Quatro Estações - metrô Consolação

Quatro Estações – metrô Consolação

Programação variada

Paralelamente às exibições, o setor educativo do Instituto, denominado Cultura e Participação, possui uma programação intensa que inclui visitas monitoradas, oficinas, cursos e seminários, mostras de filmes e apresentações musicais, intervenções artísticas, projetos socioculturais, formação de educadores e premiações artísticas e educacionais que buscam ampliar o envolvimento do público com atividades culturais. As duas escolas que funcionam ali, a Escola Entrópica e o Espaço do Olhar, complementam essa agenda que pode ser consultada no site do Instituto, assim como a sua programação completa, mas deixo a seguir um aperitivo com alguns destaques:

Mural da rua Xavier de Toledo, no centro

Mural da rua Xavier de Toledo, no centro

 

Ambiente do Instituto Tomie Ohtake Foto Ricardo Myiada

Ambiente do Instituto Tomie Ohtake

Site Instituto Tomie Ohtake. Av. Brig. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés, 88). Tel.: (11) 2245 1900. Terça a domingo, das 11h às 20h. Entrada gratuita (algumas exposições têm entrada paga; consulte a programação para mais informações). Metrô: Estação Faria Lima (Linha 4/Amarela); Ônibus: Linha 6232-10: Pinheiros / Vila Ida – Metrô Barra Funda, Linha 6262-10: Ceasa – Term. Bandeira, Linha 875C-10: Terminal Lapa – Metrô Sta. Cruz, Linha 9050-10: Terminal Lapa – Itaim Bibi, Linha 9051-10: Lapa – Terminal Pinheiros, Linha 957T-10: Cohab Taipas – Itaim Bibi, Linha 958P-10: Jd. Nardini – Itaim Bibi

Escultura no aeroporto de Guarulhos

Escultura no aeroporto de Guarulhos

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Formado em Arquitetura e Patrimônio Urbano, Flavio tem um interesse especial por cidades e suas histórias. Conhecer e divulgar as atrações e a cultura de um lugar, fazendo com que os seus moradores e visitantes se apropriem, cuidem e desfrutem dele, é um dos seus principais sonhos/objetivos.

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